Como desenvolvi gosto pela matemática?

 

  Hoje eu amo a matemática! Na verdade, desde os meus 15 anos de idade, quando parei de disputar campeonatos de futebol de salão, treinar voleibol, brincar na rua, etc, para ficar resolvendo questões malucas de matemática...

  Mas isso nem sempre foi assim...rs

  A verdade é que até a 8ª série (hoje o 9º ano do ensino fundamental), quando eu estava nos meus 14 anos, eu era um bom aluno, mas as matérias de exatas (matemática e física) me davam mais medo que as outras ciências. Eu costumava até ficar bem inseguro antes das provas de matemática.

  As coisas só mudaram de verdade, após eu mudar para um colégio muito forte na preparação para o ITA e, diariamente, estar em contato com uns “loucos” que resolviam problemas malucos o dia inteiro.

  Num primeiro momento, aquilo me deu ainda mais medo da matemática, pois naquele ponto eu via que realmente não sabia nada...kkk

  Só que eu não corri do desafio e passei a encarar as questões que eles me davam nos intervalos das aulas como algo bem interessante: às vezes ficava um final de semana inteiro tentando resolver uma questão em casa e não saía do enunciado...deixava de jogar bola com o pessoal da rua pra ficar fritando os neurônios (coisa de concurseiro mesmo...rs).

  Por um tempo, ao longo do 1º ano do ensino médio, chegava ser vergonhoso, toda segunda-feira pedindo arrego e implorando para me explicarem a solução do problema.

  Até que, em algum ponto do meio do ano, lá estava eu amando a matemática e vibrando com uma solução de um problema cascudo no meio de um domingo.

  A partir daí, o jogo começou a mudar completamente!!!

 

            Mas quando, realmente, a chave virou?

 

  No início do 1º ano do ensino médio, eu tinha muita vontade...mas só isso. Não tinha mente forte e apenas estava no lugar certo para ter os materiais/professores certos. Mas a base não era forte também, então precisei de muito foco e disciplina para conseguir algum espaço em uma turma especial (visto que não tinha conseguido entrar na turma de olimpíadas, onde estariam os melhores alunos do colégio, que almejavam o mesmo que eu...passar no ITA) e criar a minha base pra poder brigar no ano seguinte.

  Para isso, além do ano inteiro de estudos na Turma Especial do Colégio Impacto da Tijuca (de onde saía a maioria dos aprovados no IME e no ITA naquela época), eu ainda estudei por toda as férias entre o 1º e 2º ano, para ter chances de entrar na Turma de Olimpíadas no ano seguinte.

  E o planejamento, o foco correto e certeiro na formação da minha base, fez-me passar na prova seletiva que me colocaria ao lado dos caras que já estavam em outro patamar.

  Agora eu tinha a base forte e o acesso aos materiais que poderiam me levar ao meu objetivo maior, passar no ITA.

  Eu fiz por onde e estudei muito também no 2º ano, chegando a brigar por diversas vezes pela terceira ou quarta colocação nas provas semanais que tínhamos na Turma.

  Porém, existia algo que não me deixava ultrapassar essa barreira, superar ou mesmo me aproximar de 2 dos caras da Turma. E pior, não me aproximar nem mesmo de pessoas fora da turma, de outros colégios, que disputavam as olimpíadas de matemática e física na época.

  Não ter conseguido bons resultados nas olimpíadas ao final do 1º ano era algo que eu esperava, mas, ao final do 2º ano, mesmo estando bem colocado nas provas semanais da turma de olimpíadas, o meu resultado também foi muito aquém das expectativas na hora da verdade (as Olimpíadas)...e eu ainda não sabia o porquê!

  Tudo bem! A minha base já estava muito forte e eu só precisava entrar na Turma IME-ITA do 3º ano bem colocado, para fazer parte do Clube do Bolinha e estar ao lado dos mais preparados e continuar recebendo toda a atenção da direção do curso, com os melhores materiais e professores querendo te transformar em samurais capazes de passar em qualquer prova do mundo... o negócio era animal!

  Mais um ano sem férias...estudei muito para conseguir uma bolsa integral na Turma IME-ITA, que era muito cara e minha mãe já sofria demais para pagar uma mensalidade normal e talvez nem tivesse condições de me manter no curso com uma mensalidade ainda maior. O foco e a disciplina me ajudaram, novamente, a reforçar ainda mais a minha base e conseguir o 4º lugar no Bolsão do Impacto para a Turma IME-ITA. Isso me fez entrar bem confiante naquele ano...e, principalmente, estar no Clube do Bolinha.

  Naquele momento eu tinha certeza de que fariam de mim alguém capaz de passar no ITA, afinal era exatamente o que eles sabiam fazer...eu estava no lugar certo e em condições de brigar.

  Agora só faltava estudar muito o ano inteiro e descobrir o que não me permitia superar alguns dos caras e, muito provavelmente, vários outros caras de fora que poderiam roubar a minha vaga no final do ano.

  A resposta veio aos poucos, como parte do treinamento que também faziam naquela turma de loucos...era quase uma lavagem cerebral toda semana. Tudo para preparar o seu emocional para a hora da verdade.

  Foi aí que eu aprendi que uma mente forte elimina barreiras que nem temos consciência que existem, as nossas crenças limitantes. Era exatamente o que me faltava, para que o maior resultado pudesse vir. Sem isso, haveria grandes chances de eu morrer na praia...

  Passei a observar o comportamento daqueles que ficavam na minha frente incondicionalmente. Já tínhamos a mesma base, usávamos o mesmo material, tínhamos os mesmos professores (até mesmo os do Clube do Bolinha) e os caras não me davam uma chance...

  Na verdade, era eu mesmo que não estava me dando uma chance. Foi incrível descobrir aquilo! Graças a Deus! (e certamente foi Ele que me deu condições de perceber isso a tempo).

   Foi a partir daquele momento que tudo mudou na minha vida!!!

   E os resultados foram absurdamente maravilhosos! Muito acima da minha expectativa naquele final de ano.

  Além de passar no IME e no ITA (que era o grande sonho e objetivo maior), fui 3º lugar na Olimpíada Brasileira de Matemática, a frente daqueles mesmos caras que me fizeram comer poeira durante 3 anos...Foi Demais!!